sábado, 27 de junho de 2009

Feliz Aniversário!!!!

Almoços de domingo, discussões matinais, casa cheia, problemas compartilhados, risadas garantidas, lágrimas conjuntas... Família!

Os filhos casam, os netos crescem, os anos passam... 



Cabelos brancos, olhos espertos, muitas recordações e histórias. A vida segue seu caminho e as surpresas sempre aparecem, algumas desoladoras, outras encantadoras. 

Não importa a fase da vida, se é a inocência da infância ou o início da velhice... É seu aniversário e não pode deixar de ser comemorado.

Vovô eu o amo profundamente, o senhor está e sempre estará em meu coração... Faz parte de minha história, me orgulho muito do senhor e de tudo que o senhor fez e faz por nossa família. É com alegria que lhe desejo *.*PARABÉNS*.*, parabéns pelo aniversário, parabéns pela sua hombridade, pelo seu caráter, pela sua força, desejo que o Sr. complete mais 69 anos ao nosso lado, com o mesmo vigor...
Te Amo!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pé na Estrada


Caixas, malas, lembranças... Nada se encaixa, ouço o motor do carro dando partida, olho para trás e reflito, até quando as coisas seriam assim? 

Será que estava seguindo rumo ao "ponto final" ou seria apenas mais um ponto intermediário? 

Lá estava eu novamente em uma nova estrada, sem saber se um dia voltaria ao local de parida... Mais uma mudança, imprevista e inadiável.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Eclipse


Eu queria gritar, queria dizer ao mundo sobre minha dor, sobre o quanto a torpe sociedade me enojava e que todos estavam perdidos.
Mas não, mais uma vez estava eu, no meu pequeno apartamento com vista para o céu, revivendo uma dor que jamais iria passar. Algo nunca superado, crises que deveriam ser travadas, mas jamais saíram de meu intelecto. Já estava cansada de meu comportamento rotinesco, estava sufocando com minha angustia reprimida e não sabia como me livrar daquele tumor que se instalara em meu ser. Um tumor que só eu sabia de sua existência, pois nenhum médico ou equipamento seria capaz de detecta-lo.

A muito eu sabia que o elixir capaz de restaurar minha sanidade, só poderia ser fornecido por mim mesma, mas não queria desprender de minhas lembranças e voltar a encarar a vida que me parecia toda em preto e branco.

Perguntava-me por quanto tempo isso iria durar, por quanto tempo deixaria as coisas como estavam, por quanto tempo me contentaria com o céu visto pela janela e quanto tempo levaria para voltar a viver. Sim uma hora eu teria que retomar minha vida que foi congelada, como um lago durante o inverno. Será que a primavera iria voltar e com ela, meu sorriso com o calor e o aroma das flores?

Foi neste ponto, neste exato vagar de pensamento que me decidi, não iria mais esperar!

A adrenalina tomou posse do meu corpo, coloquei um vestido a muito esquecido no armário, junto com um sapado dos tempos de verão e fui ver o que a paisagem de meu nobre apartamento protegia.
 Desci as escadas, tentando me habituar ao salto que já não me era mais tão natural e um pouco zonza devido à repentina decisão de me socializar com a cidade.

Cautelosamente peguei um táxi e me dirigi ao centro de São Paulo, provavelmente o local mais indicado para rever pessoas em uma noite de sexta feira. Durante o percurso que não era muito longo, me peguei atenta às ruas da cidade, a sua composição, cores, odores, estilos e da janela do táxi meus olhos encontraram a lua, a mesma lua que um dia me fascinara... A lua que com seu magnetismo fazia de mim uma mulher apaixonada pela vida. Olha-la era um bálsamo para as adversidades do dia-a-dia e de repente um eclipse passou e com ele levou todo o brilho e encanto que a lua exercia sobre mim.

Lá estava ela, linda e cheia de encanto. O eclipse que se instalara em minha vida estava passando, eu já podia sentir seu brilho sob minha face e este era um belo sinal.

Paguei o táxi e continuei o percurso a pé, extasiada com a expectativa da saída noturna, assim como uma criança em um parque de diversões, sem muitos pensamentos, apenas pela empolgação do momento fui caminhando em direção as luzes e aos ruídos típicos da noite, avistei um bar e sem pestanejar entrei.

Um pouco tímida, olhei meu vestido, passei as mãos pelos cabelos e segui em frente, circulei pelo estabelecimento, olhando as pessoas, suas expressões, seus movimentos e olhares. Já meio familiarizada com o local sentei em uma mesa e pedi uma taça de vinho e me deixei vagar ao som do Jimi Hendrix.
 O bom e velho Rock’roll sempre me agradara, e lá estava eu, permitindo ser eu mesma.

Como era suave a sensação de viver o presente, apreciar o sabor adocicado do bebida, sentir minhas faces rosadas devido ao calor, o calor do álcool, o calor das pessoas, o calor do Rock… Uma brisa primaveril passou por mim e com ela vestígios de luz e uma previsão de que os dias de inverno estavam chegando ao fim e que em breve o gelo se tornaria água… Límpida, translúcida e revitalizante.

Ainda solitária em minha mesa, me senti reviver. Uma nova mulher estava se constituindo, assim como a fênix ressurgindo das cinzas. Estava com sede, sede de vida e de vinho, ainda um tanto sensibilizada com as repentinas mudanças pedi mais uma taça e com um leve sorriso, brindei ao renascimento.

Um sorriso singelo e o brilho de minha face devem ter chamado atenção, pois notei um par de olhos me observando. 
Meu Deus! Estaria eu preparada para retribuir aquele olhar, estaria preparada para conversar com outro ser sobre amenidades e simplesmente deixar que as feridas de minha alma se cicatrizassem?

Ignorei o tumor que fora o centro de minhas atenções na última década e sem muitos questionamentos retribui ao olhar inquisidor que me fitava. De forma discreta e sem prática lancei um leve sorriso de lábios fechados. O dono dos olhos de cor de carvalho não se fez de rogado, invadiu minha defesa com um sorriso escancarado e cheio de charme. Sem querelas veio caminhando em minha direção, devagar, sem dúvidas, sem restrições…

Quem seria aquele estranho, o que o motivou a se dirigir justamente a mim, e em que uma simples conversa poderia acarretar? Estaria eu, flertando com ele? 

Minhas respostas estavam prestes a se esclarecer, aqueles olhos de carvalho me encaravam  com uma mão estendida para a cadeira à minha frente e a outra mão segurando um copo que aparentava ser vodca e um tom de interrogação, exclamando um “Posso?”. Assenti sem sequer pronunciar uma única palavra e ele se sentou.

No início não disse nada, apenas me olhava e sorria com o canto dos lábios, meio zonza, com certo esforço retribuía o olhar, talvez não na mesma intensidade, mas não conseguia ao menos piscar, estava vidrada em seus olhos. Ele me encarava e tomava goles longos do líquido transparente com cheiro forte, minha taça estava vazia e minha sede de vinho já estava saciada.

Naquele momento apenas a curiosidade me corroía, eu mantinha o olhar, o controle e a serenidade…

Em meio a devaneios não notei quando os fitantes olhos de carvalho se levantaram e me levou para o meio da multidão. Sem dizer uma única palavra enlaçou minha cintura para uma dança.
...
Sábado de manhã, mente enevoada, pés formigando como se tivesse dançado por horas a fio. Mas na noite passada estava preocupada demais com minha dor, com meu câncer para simplesmente dançar despreocupadamente, certo? No mínimo tive um sonho, isso era um bom sinal, pois não tinha sonhos bons a tempos, seria um sinal?

Talvez… Entretanto o sonho havia me impressionado, causado sensações um tanto quanto reais. Estava com o aroma de vinho em meus lábios, um formigamento insistente nos pés, uma textura diferente em meus cabelos. 

Com os olhos semifechados, ainda tentando absorver o que acreditava ser um sonho, vejo olhos de carvalho, junto com o homem que o possui bem a minha frente, me servindo o café da manhã. 

Estava tendo uma alucinação. Desde quando os sonhos têm autorização para se teletransportar de minha mente para minha cama? Ou seria que… Não!!! 

Eu realmente havia saído... O bar, o vinho, Hendrix, salto alto? Agora estava nítido em minha mente, o táxi... A lua e o fim de meu eclipse pessoal, o bar e a troca de olhares sem palavras pronunciadas.

Só não entendia o que aquele homem estava fazendo ali, ao meu lado e pelo pouco que me permiti observar de olhos semifechados... Seminu, esperando eu despertar a qualquer momento para uma realidade que não estava nem um pouco preparada para encarar.

Era tarde de mais, não havia muitas possibilidades, as evidencias estavam bem ali. Uma hora teria de abrir os olhos e fitar os dele, e com ele ao meu lado olharia no que havia se tornado o céu da minha janela, que a essa altura estaria refletindo não mais céu, mas sim pessoas e novas possibilidades.

Revisado em Dez/2015